
segunda-feira, 30 de abril de 2012
A nossa canção, por André Lemos
Sobre Cavalos e Baias
Vê... cavalgo na idéia absurda
De ser pra sempre sua e fico muda
Muda, muda, mudar por você
Perceba o vazio em um abraço
Um laço frouxo e desencantado
Perdido na loucura de ser sua,
Sempre nua, quase lua
Na tortura que flutua
O abismo em uma fissura...
O claro não se vê
Visto a minha cor em tom flagelo
Feito coice tal martelo
O cavalo em meu ego
Me persegue por prazer
Altivo e duro em sua marcha sem prazer
Passivo e nulo em sua baia sem lazer 2x
Crê, que toda confissão é um lamento
Você me disse algo que não entendo
Mas lembro, lembro, lembro, lembro...
Vê carrego então em mim a sua aposta
Um grito de suborno sem resposta
Sentindo o amor ser sempre
Duro, quase sujo, o escuro
A esperança é um sussurro
Um abrigo inseguro...
É a luz que não se vê
Visto a minha cor em tom flagelo
Feito coice tal martelo
O cavalo em meu ego
Me persegue por prazer
Altivo e duro em sua marcha sem prazer
Passivo e nulo em sua baia sem lazer 2x
Solo
Crê, que toda confissão é um lamento
Você me disse algo que não entendo
Mas lembro, lembro, lembro, lembro...
domingo, 29 de abril de 2012
Translação; Traslado
a dor do não dito | LETÍCIA G.R.D.
Redescobrir os caminhos do texto é encontrar-se com o lugar do indizível. Sabe-se que esse inominável é de alta periculosidade. Caminha de olhos fechados no meio da avenida. Nauseia-se então na palavra seguinte. A dor do inatingível lhe alcança todos os dias. Como explicar para um lugar cinza que as danças se concluem muito vagarosamente em sua mente? Mas de repente estalam! Tornam-se nítidas e intensas. Como se sempre estivessem ali só esperando para serem nomeadas. Não é possível pausar o tempo, desfazer angústias e desmembrar as dores. Tudo persiste na intensidade caótica do pensamento. Como é mesmo o nome dessa palavra? Expressar. Cada vez é mais difícil expressar. Deslocar o pensamento para o papel. Revirar a garganta na procura do substantivo. Chacoalhar o cérebro na busca de uma definição. É! Desse modo. Assim. E assim continua o texto. Um texto que não vai atingir seu lugar. O topo do morro é inacessível à linguagem. Só o pensamento e a idéia podem chegar até lá. Quem sabe o corpo em movimento transmita melhor a mensagem. O ato de escrever cristaliza o movimento do pensamento. Impede que os devaneios sejam compreendidos. Amarra a alma em um nó de gravata. Desfaz-se no horizonte. No outro dia retorna. Aperta. Afrouxa. Desespera os sentidos. Cala a alma. No outro instante grita. No entanto, nada expressa. Gira em círculos desatinados em busca da palavra. AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!
ZG
http://osbonsnuncaserendem.blogspot.com.br/
sábado, 28 de abril de 2012
Vocabulário
Essa criança não vai parar de chorar não? Como se não bastasse morar num prédio de paredes tão finas que dá pra sentir o cheiro do vizinho. Acho que vou descer para comprar um cigarro, o Jorge só me trata bem porquê sou mulher, mas mesmo assim eu sempre compro com ele.
A:Você vem sempre aqui?
B:Um café, por favor.
A:Dois.
C:Um amor, por favor.
D:Três.
B:Você pediu um café mas queria um drink.
A:Silêncio, por favor.
B:Açucar ou adoçante?
A:Brigado, prefiro amargo.
B:Pode ser expresso?
A:Outro.
B:Com quem eu falo?
A:Com quem quer falar?
B:Preocupada?
A:Já parou pra pensar que quando uma pessoa passa a mão no rosto ela tem o que dizer?
B:Tá me escondendo alguma coisa?
A:Fala primeiro.
B:Café com leite. Sabe o que eu tava pensando?
A:Como foi a viajem?
B:Pensei muito em você.
A:Duvido.
B:Fala.
A:O relógio da cozinha parou.
B:Eu conheci outra pessoa, acabou a pilha?
A:Viu? Não, parou a dois anos.
B:Mas eu pensei em você.
A:Sabia que tem chovido muito? Tá rindo do que?
B:Prefiro colombiano.
A:Casar com um colombiano?
B:Beber um colombiano.
A:Com um biscoitinho que é muito elegante.
B:Pensou no jantar?
A:Não, fiquei com preguiça.
B:Ah, que pena eu tenho fome.
A:Sabe o que eu tava pensando?
B:Não quero saber agora.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Para Nat.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Cuide de você
Eu não mostrei meu pau, aí ele foi embora.
Connected to somebody.
Location: Turkey
Partner: hii
Partner: samba
You: samba
Partner: yeaa
Partner: men
Partner: madam
You: men
Partner: web cam
Partner: sex
Partner: penis
Partner: yes
Partner: body
Partner: penis
Partner: stundap
Partner: penis
You: now?
Partner: by
terça-feira, 24 de abril de 2012
Para o Rafa e o Gunnar
Comercial Airfrance
domingo, 22 de abril de 2012
Eu parei para pensar nisso aqui #4
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Os Amores Imaginários
Mas, claro, me apaixonei por aquele desgraçado arrogante que demora uma eternidade para responder meus emails. Sou uma idiota. Às vezes, estou no computador e entro em pânico. Fico muito agitada. Eu acho que se alguém morresse cada vez que aperto o F5, não sobraria ninguém com vida.
Sei de tudo. Tudo. Sei onde ele trabalha, os restaurantes que frequenta. Fui ao prédio dele, falei com o zelador e perguntei, sei lá porque, se ele estava em casa. O zelador começou a falar sobre ele, eu escutei, comecei a falar também o pouco que sei dele, como se o conhecesse desde o jardim de infância. De repente, percebi que estava ferrada, então, pedi que dissesse que Cindy Rosenberg deixou um “oi”, para não parecer uma obcecada. Se ele tivesse alguma ideia do quanto estou bem informada. Seu pai teve um derrame em 2002. Sua mãe tem um quiosque de flores na “Treasures Jocelyne”. Se ele soubesse, provavelmente entraria no programa de proteção à testemunha contra pistoleiros da máfia.
Glenn Close, em “Atração Fatal”. Esta sou eu.
Agora ele está estragando todos os meus lugares favoritos, porque quando ele não está lá, bebendo com os amigos, quando ele não está lá, fico entediada. Não tem graça. O tempo pode estar legal, os pássaros cantando, o vinho ser bom, e eu penso: “calem-se, desgraçados!”. Não tem graça.
Quando ele está lá, cuidado! Parece que ingeri cinco “speeds”. Digo “oi” para todos. Ajo como se estivesse curtindo tudo. A mil. “E aí?!”. E o pior, mal falo com ele. Mas sei que ele me vê. Você vê as pessoas mesmo sem olhar para elas. Tipo, como se você estivesse lá, e eu olhando para cá, te vejo. Não estou olhando, mas te vejo. Eu sei para onde você esta olhando. Eu sei que você está ohando para mim. Desgraçado.
Já não aguento mais. Cheiro o café. Não passo minha vida toda no Hotmail. Digo, é legal no começo, mas é muito intenso. Você sabe, o sentimento quando sua caixa de entrada tem novas mensagens em negrito. Você tem e-mail. O nanossegundo depois de clicar e aparecer. Ele escreveu. Você está duplamente feliz, sua caixa de entrada em negrito, e um e-mail de merda da Amazon.com, com a venda de um abajur em promoção.
Rejeição é difícil, mas é melhor resolvê-la logo. É como uma gilhotina. Mas esperar por uma resposta, passar semanas pensando que sou uma merda, enquanto ele vai embora. Loucura, não? É como ter sua cabeça cortada em câmera lenta. É como um longo e persistente ‘Não’. Mas em um certo ponto, você perde a paciência. Você se esgota. Você se esgota e tudo fica desprezível, tudo fica escuro e podre.
Maria Llopís | Chatroulette
(http://www.mariallopis.com/en/portfolio/revising-gender-roles-and-stereotypes-through-art-and-technology/)
quinta-feira, 19 de abril de 2012
O instante me inspira e guia
Rumo ao desconhecido, belo, inimaginável.
O instante me pegou e me fez prisioneira.
Ainda não sei se tenho escolha.
Nem se quero escolher.
Agora.
O que há em mim não se incorpora.
Não subtrai.
Não soma.
Só me confunde, desperta e alegra.
O que habita em mim permeia sonhos
e constrói castelos onde jamais iremos reinar.
Espera só mais um pouquinho... e a gente vai.
Escreve um poema pra mim e a gente vai.
Só vou gozar mais uma vez e a gente vai.
Deixa a vida melhorar e a gente vai.
Me deixa em paz e a gente vai.
Solta o "play" e a gente vai.
Só o sol nascer e a gente vai.
Tá, um "tic tin" e a gente vai.
Só esse cravinho e a gente vai.
Vou cuspir no chão, quando secar a gente vai.
Me dá R$100,00 que a gente vai.
Um "pai nosso" e a gente vai.
Quando eu achar minha chave a gente vai.
Me agarra gostosinho que a gente vai.
“Era uma vez, uma menina que tinha sete cavalos invisíveis. As pessoas pensavam que ela era louca pelo fato de imaginarem que os 7 cavalos não existiam, mas não era o caso. Para ela, eles estavam lá. Chegando o outono, a garota passou o dia inteiro lavando suas roupas. Pendurou-as em uma corda em seu jardim para que o sol suave do outono secassem-nas. De repente, uma terrível tempestade surgiu e levou todas as suas roupas e seus cavalos. A menina passou o outono procurando cada cavalo e encontrou, cada um deles, envolto em suas roupas, que ainda tinham o cheiro suave do sol do outono.”
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Coreografia composição Gunnar/Fred
Sequência 1 -
(Fred sozinho - entra Gunnar)
A - Início/até abaixar.
B - Até o coice.
(Entra Rafa/ Nat)
C - Transições e abraços.
(Sai Gunnar em cima do Fred)
Sequência 2 -
(Texto Nat - "Avenca" até "Você tá acompanhando meu raciocínio?")
A - Até coice.
(Entra Gunnar e Fred)
B - Transições e rolamentos.
(Diálogo "Avenca" Fred/ Gunnar, até "compreende?")
C - Namorados.
( Texto deixa Nat/Gunnar - "é claro")
( Entra Lila, Bel, Caca, Aline)
D - Prainha. ( espasmos / quique de bunda 4x/ posições relaxamentos)
terça-feira, 17 de abril de 2012
Burlei um protocolo.
Que bom, eu também.
Gosto muito também. Não é possível, eu também! Sei, claro, eu também.
Fui totalmente também. Também, cara. Imagino, eu quebrei também.
Duas vezes também, sim já falei também.
Realmente, eu sei. Não dá também.
Uma última coisa e a gente vai...
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Ê, hoje tem arrastão
"O arrastão é uma tática de roubo coletivo urbano presenciada primeiramente na década de 1980 na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente na praia de Copacabana. O caso mais famoso de arrastão, aconteceu em 18 de outubro de 1992 na praia de Ipanema e teve repercussão internacional. Posteriormente, a tática foi presenciada em outros locais do Brasil. Consiste-se no roubo coletivo de dinheiro, anéis, bolsas e às vezes até mesmo de roupas dos transeuntes por um grupo de pessoas. O grupo pode ou não estar organizado, dependendo da espontaneidade do roubo." (wikipedia)
http://www.dgabc.com.br/News/5952014/grupo-faz-arrastao-em-lanchonete-em-sp.aspx
http://www.dci.com.br/mprj-denuncia-quadrilha-responsavel-por-arrastao-em-restaurante-em-niteroi-id289826.html
Pesca de arrasto
"A pesca de arrastão de fundo do mar é um tipo de pesca industrial que arrasta imensas redes no solo oceânico. As redes possuem grandes placas de metal e rodas de borracha movendo-se pelo solo oceânico, levando tudo que nela se prende.
Este tipo de pesca causa grandes perdas em ecossistemas, cujas espécies se recuperam com muita lentidão. O fundo do mar, nos tempo atuais, abriga imensas florestas submersas e hoje possui cerca de 500 mil a 5 milhões de espécies marinhas ainda não descobertas pelos pesquisadores.
A pesca de arrastão é uma grande ameaça tanto para espécies catalogadas e não catalogadas, pois as imensas redes utilizadas acabam com as últimas áreas ainda intocadas da natureza.
Há no fundo do mar as cordilheiras subaquáticas com montanhas de até 1000 metros, conhecidas como “seamounts”, a cordilheira mais longa da Terra está no fundo do mar, e é conhecida como “Mid-Oceanic Ridge”, e se estende do Oceano Ártico ao Atlântico, estas regiões são ricas em biodiversidade marinhas e ainda intocadas pelo homem.
Esta riqueza natural está sob a mira da pesca de arrasto, que visa aumentar seus lucros em áreas oceânicas inexploradas, destruindo espécies antes de serem catalogadas pela ciência, e inaugurando um deserto no fundo do mar pobre em nutrientes."
(http://oceans.greenpeace.org/pt/nossos_oceanos/pesca_arrastao)
"Arrasto
O arrasto é uma força de resistência ao movimento de um objeto num fluido (como o ar - a água também é um fluido). Uma forma de sentir o efeito do arrasto é colocar (com cuidado) sua mão para fora da janela de um carro em movimento. O arrasto que sua mão produz depende de alguns fatores, como o tamanho de sua mão, a velocidade do carro e a densidade do ar. Desacelerando o carro, você nota que o arrasto em sua mão também diminui.
Esportes têm bons exemplos do efeito do arrasto. Pilotos de moto se abaixam nas retas para ganhar velocidade (e erguem o torso nas freadas para aproveitar o arrasto). Esquiadores da modalidade downhill nas Olimpíadas de Inverno se agacham sempre que podem, para ficar "menores" e reduzir o arrasto que produzem, acelerando mais rápido montanha abaixo.
É para reduzir o arrasto que logo após a decolagem um avião de passageiros recolhe o trem de pouso, guardando-o na fuselagem (o corpo) do avião. Assim como o esquiador e o piloto de moto, o piloto do avião quer tornar a aeronave o menor possível para reduzir o arrasto. A quantidade de arrasto produzida pelo trem de pouso de um jato é tamanha que, em velocidade de cruzeiro, o trem de pouso seria arrancado do avião." (http://ciencia.hsw.uol.com.br/avioes2.htm)
sábado, 14 de abril de 2012
sexta-feira, 13 de abril de 2012
quarta-feira, 11 de abril de 2012
a gente conta o tempo na relação.
Também andei pensando umas coisas...
A Aline de costas cantando é um ruído muito interessante. Ela está "fora de quadro", mas completamente presente. Um extra-campo que eu só tinha presenciado antes no cinema. Talvez todas essas pessoas que aparecem no espetáculo também estejam fora de quadro. Acho que dialoga muito com o texto do Rafa. Presenças desgovernadas. "Você disse algo que não entendi, mas lembro".
Pessoas falam continuamente, mas não se ouvem. Talvez as interjeições tenham um grande papel no texto. "Olha, (antes do ônibus partir...)"; "Por favor, não me interrompa!" Os imperativos também. Os atores esboçam uma ligação que não se completa. "Alô?" "Alô?" "Você está ai?" “Você está me ouvindo?” A fala abafada, pela fita crepe ou pelo jornal, também me interessa. Talvez o vídeo possa funcionar como mais um elemento que tenta estabelecer "contato". Que reforça a tentativa de comunicação. Já a campainha interrompe. Gosto disso.
Penso muito em uma projeção reprimida, desenquadrada. Recortes de uma história de não-ditos, de paixões recalcadas, de relações falidas. Pessoas que vivem “fora de quadro”. Na grande cidade. Sob a luz neon. OPEN 24H
As relações parecem transitar em corda-bamba, tão frágil é o equilíbrio. A qualquer momento algo vai romper, se perder, não ser compreendido. "Compreende?"
Fiquei pensando sobre tempo. Temporalidade. Estar. Não estar. Presente. Quanto tempo é muito tempo? "O relógio da cozinhou parou...Tá parado há dois anos." Como a gente mede o tempo? “Um cigarro e vamos” “Só mais um café”
Fred diz: "Eu to sem..." E lista uma séria de faltas, fala sobre o que não se tem. Não é sobre insatisfação, é outra coisa. Ainda não descobri.
Nati começa um riso em semi-descontrole. Fora de hora. Remete a desespero, a deboche. De qualquer forma, o riso distancia do momento anterior: a conversa na mesa com o Gunnar. Acabou. Perdeu. Ela já não está mais ali.
Quando a Marília subiu fazendo a árvore, Aline começou a cantar "quero ficar no seu corpo feito tatuagem". Desejo de permanência. De dar conta do tempo, se apropriar dele. Que talvez também implique em se apropriar do outro. Do espaço do outro. Do que existe entre um corpo e outro. Esse meio.