segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Doce Trote


, primeiro porque, ainda durante a fila para entrar no teatro, algo no ar - na vibração das moléculas por entre as nossas baias - sugeria uma qualidade de acontecimento notável no mundo teatral do Rio de Janeiro na noite de ontem.
Nada mais me permite escrever breves comentários sobre Cavalos e Baias do que o ímpeto de, enquanto espectador, responder à obra – além da falta de medo de cair no vão entre as letras do papel.
Estive diante do “desmundo”. Seres humanos sendo levados a ferir a métrica do espaço, a colidir com o vácuo da matéria. Cavalos e Baias interdita o hesito, carrega o peso da outra face das relações interpessoais sob a perspectiva do bruto humano, do animal consciente de não o ser, carne sem pele à deriva num pedaço de chão de terra batida; ao sol. É a peça da madureza da Miúda, onde os corpos estão no eixo oposto de seus cercos, onde o território é apenas palavra falada e a metafísica é vista e comprovada através da verdade com que nossos olhos nos fazem acreditar no que lhes é posto. É assento sem peso, descarrilhado olhando fixo e fechando em copas a longuidão do trote.
Desde a descoberta, o amadurecimento artístico de Caio Riscado -de seus primeiros trabalhos na Miúda pra cá -, a expansão da expressão corporal de Rafael Lorga - brilhando de dentro pra fora -, o excesso de mulher em Cacá Otoni, a brilhante languidez da interpretação de Fred Araújo (e, é claro, falo dessa vez por ânimo pessoal, pela particularidade afetiva com alguns deles): tudo acontece na saliência da ânima de toda obra, por todo o processo, diante de todo o resto do mundo ao redor. Os olhos femininos marcados “à la fome”, os parangolés de Oiticica dançando nas roupas, na cenografia, no corpo, a dança dos atores, no teatro, aplaudindo a dança enquanto arte mais do que os que dançam e só. Cavalos e Baias (um nome que dá gosto de repetir) está pra lá da conta de qualquer coisa nomeada contemporâneo. É perene, atemporal.


- as doces palavras do estudante de cinema João Arthur Soares 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

sequência real e discreta

As fotografias de cavalos em movimento feitas por Muybridge em 1878 foram as primeiras a captar o que parecia ser a sequência real e discreta de movimento, Muybridge concebeu uma maneira de representar a velocidade de um cavalo correndo por meio da ação de várias máquinas fotográficas (12, neste caso), enfileiradas e preparadas para disparar em sequência quando o cavalo passasse correndo.

trecho retirado do livro Novas Mídias na Arte Contemporânea.