É um mergulho profundo, mar adentro, para quem já não pode mexer as pernas. É o momento que antecede a queda do pulo de um prédio de quatro andares. É bom. Confia em mim, é bom.
Precisei torcer o pé para entender, para me acalmar. Sim, pois não há nada pior que ver a menina chorando. Chorando de dor, de tapa na cara, de não ter onde se apoiar e cair. Choro de quem se doa, de quem sofre um pouco, é bonito. Choro de quem não pode correr com os outros.
Paciência.
Precisei torcer o pé e olhar para o outro lado.
Precisei torcer o pé e esfregar o nariz no chão para entender.
Precisei abrir as pernas e ficar de quatro.
Precisei me jogar para trás e me enrolar para entender que sorte é não ter para onde cair, é não ter onde cair morto, é botar os pés no chão, é olhar o mundo de baixo, é ganhar na loteria.
Agora não tem jeito. Paciência. Agora é esperar. Agora é torcer pra não demorar. É rezar pra tudo isso acabar.
Porque acaba. E quando isso acontecer eu já não vou mais estar por perto. Quando isso acontecer eu quero estar bem longe daqui. De onde eu já não ouça nenhum barulho, nenhum ruído. Porque eu não estou aqui para pisar no cocô de ninguém.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Exercitando a matriz:
Durante a queda eu percebi que a minha sorte tinha mudado. Quando eu caí o movimento pareceu lento e a paisagem também pouco se movia. A minha queda parece ter sido mais um desses clichês como, por exemplo, a queda da bolsa. Quando eu caí não perdi a cabeça, a memória e nem a compreensão de que nem tudo são flores. Eu não cai por falta de aviso, atenção ou foco. Caí de propósito, para correr mais riscos e tirar meu corpo dessa letargia do cotidiano.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Quando eu caí...
Quando eu caí eu quis que tudo e todos a minha volta também caíssem.
Comecei derrubando a tampa dessa caneta, depois os papéis, os documentos e com eles todas as assinaturas de gente importante.
A mesa e os retratos da parede e com eles todos os parentes e amigos próximos.
A estante, os livros e consequentemente alguns filósofos e gênios literários.
Derrubei a persiana e o abajour.
A armação das janelas e das portas.
Derrubei os corredores e os transeuntes engravatados.
Derrubei o portão de entrada e as iniciais da empresa.
E quando toda a estrutura ruiu, derrubei a construção vizinha, sempre em obras, os postes de luz, a fiação elétrica, os bueiros e baratas e cigarros, a Rua inteira e a ladeira do lado.
Quando a cidade caiu derrubei o que faltava, até finalmente deixar o mundo no chinelo. Então derrubei os chinelos e o chão... Pra cair de novo.
Comecei derrubando a tampa dessa caneta, depois os papéis, os documentos e com eles todas as assinaturas de gente importante.
A mesa e os retratos da parede e com eles todos os parentes e amigos próximos.
A estante, os livros e consequentemente alguns filósofos e gênios literários.
Derrubei a persiana e o abajour.
A armação das janelas e das portas.
Derrubei os corredores e os transeuntes engravatados.
Derrubei o portão de entrada e as iniciais da empresa.
E quando toda a estrutura ruiu, derrubei a construção vizinha, sempre em obras, os postes de luz, a fiação elétrica, os bueiros e baratas e cigarros, a Rua inteira e a ladeira do lado.
Quando a cidade caiu derrubei o que faltava, até finalmente deixar o mundo no chinelo. Então derrubei os chinelos e o chão... Pra cair de novo.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
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