quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ela já não sabe cair em pé.

É um mergulho profundo, mar adentro, para quem já não pode mexer as pernas. É o momento que antecede a queda do pulo de um prédio de quatro andares. É bom. Confia em mim, é bom.
Precisei torcer o pé para entender, para me acalmar. Sim, pois não há nada pior que ver a menina chorando. Chorando de dor, de tapa na cara, de não ter onde se apoiar e cair. Choro de quem se doa, de quem sofre um pouco, é bonito. Choro de quem não pode correr com os outros.
Paciência.
Precisei torcer o pé e olhar para o outro lado.
Precisei torcer o pé e esfregar o nariz no chão para entender.
Precisei abrir as pernas e ficar de quatro.
Precisei me jogar para trás e me enrolar para entender que sorte é não ter para onde cair, é não ter onde cair morto, é botar os pés no chão, é olhar o mundo de baixo, é ganhar na loteria.

Agora não tem jeito. Paciência. Agora é esperar. Agora é torcer pra não demorar. É rezar pra tudo isso acabar.

Porque acaba. E quando isso acontecer eu já não vou mais estar por perto. Quando isso acontecer eu quero estar bem longe daqui. De onde eu já não ouça nenhum barulho, nenhum ruído. Porque eu não estou aqui para pisar no cocô de ninguém.

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