terça-feira, 8 de maio de 2012

Vontade de dividir o email da Ro com vocês!


oi, Caio

Adorei você me ligar pra dividir a experiência.

Fiquei pensando sobre o que você disse no ensaio, algo como "a gente ficou careta". Então queria dizer que a coisa do texto não tem nada a ver com caretice ou com contemporaneidade. É que a gente não muda tudo de repente. No novo que a gente faz, sempre tem uma persistência do que já foi. Por isso é super normal que, ao mesmo tempo em que você investe em um campo novo, lida com os demais da mesma forma que fazia antes. É claro. Talvez agora esteja chegando o momento de conseguir vir e entender o que é isso que está sendo criado, que criatura é essa. Eu só posso perceber isso porque não estou lá todo o dia, tenho distanciamento, aí vejo o fragmento da obra como peça autonônoma, sem tanta memória de processo, sem apego. Talvez dê para, daqui a pouco, você conseguir ver o que a criatura nova está pedindo como verbo, sonoridade e sentido. É que você ainda está se mergulhado nos atores. Aderbal dizia isso sobre o trabalho do diretor - que há um tempo de se colar aos atores para criar e depois um tempo de se sentar na platéia como um espectador ideal, apreciar, entender e mexer. E aí talvez você consiga ver que os textos que fora dali parecem bons, quando ditos ali dentro se tornam outra coisa, porque são parte da criação e não tem mais autonomia. Mas, como dizem os americanos, tome seu tempo. É mais importante perceber a questão, cavoucar o problema, do que solucionar.

beijo!

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