domingo, 22 de abril de 2012

Eu parei para pensar nisso aqui #4

Escrevo na tentativa de passar para vocês a satisfação que estou sentido. Sobre cavalos e baias é um projeto de encontro. Um projeto de reencontrar-se consigo mesmo. Cuidando de si, cuidamos dos outros, cuidamos do todo. Os cavalos somos nós mesmos, aqueles e aquelas perdidos em meio a tanta informação e pouco conteúdo. Os cavalos somo nós mesmos, as pedras brutas, que não foram lapidadas e que, perante ao desespero, se animalizam. Os cavalos somos nós mesmos que buscamos encontrar a possibilidade de um carinho no escuro. As baias estão todas aí. As baias são os limites que separam um corpo do outro. É aonde podemos dizer: aqui acaba o seu e começa o meu. São os condicionamentos que criamos para viver em sociedade. Ou melhor, tentar viver. Os cavalos são os humanos e as baias os seus quartos de dormir. Cavalo sem baia é cavalo solto, avesso a toda e qualquer estrutura. Cavalo que nega o organismo do poder, não faz movimento, só gera oposição e barulho.

O bom é ver o Rafa dançando, sua expressão fatigada e o corpo suado. O corpo zero, o passaporte para todo e qualquer salto. Me leva com você Rafa! Tem gente de todos os tipos e prá tudo quanto é lado. O bom é ver o Gunnar criando, desafiando o tempo-espaço em eterno combate. Carinho no chão. Como é que se dança? Eu me fiz essa pergunta no meio do ano de 2010 e é o Gunnar hoje quem me traz a resposta. Diariamente. A Nat falando em francês, gritando alto, limpando a sujeira do mundo e até a rachadura que não podemos ver. A Nat é um presente e o bom é ver o sorriso dela, a alegria que nos contagia. Diariamente. O bom é ver a Malila grande, enorme, uma árvore plantada no meio do asfalto. Desfolhar-se em cabelos e dedos. A máquina de cortar em rodelas aquilo que não pode ter nome e nem ser enquadrado. O bom é ver a Bel beijando, ilustrando a nossa trajetória com beijos seus. O bom mesmo é ver a Bel. Sempre. Fred e sua inesgotável curiosidade sobre o que estamos criando. Seu corpo que agora é reflexo de um atravessamento, abraça a sala de ensaio. O bom, quer dizer, o delicioso é ver Cacá dizendo, transformando palavra em gesto. Quando ela corre eu não quero mais nada. Quero ficar alí. Quero ficar aqui. Tudo que vem da Aline é Clarice, fumando um cigarro, trancada dentro de uma geladeira. O bom é saber que a Aline vai cantar. Que bom que está tudo bem. O bom é ter o Be ali sentado, anotando tudo, cuidando da gente, cuidando de mim. É bom demais. A Dani, nossa observadora, nosso olhar atento, nossa ponte com o mundo. A Dani e o seu caderno. O bom é ter a pesquisa da Su, suas colocações sabor  de algodão doce e tarde em dia de festa. É bom demais ter a Luar, essa artista que mudou o meu modo de ver e desejar. É como se ela criasse flutuando. Eu vou com você amiga. O bom é ter esse time na sala de trabalho e ver que ele é enorme. O bom é saber que ainda tem a Júlia, o André, o Chico, o Lucas, a Rosyane e o trio róquemrou MarcelaRenataNat. O bom é saber que com essas pessoas ainda existem muitas outras colaborando. Como é bom. 

eu queria dar este espetáculo de presente para a Dóris. 

3 comentários:

  1. Amigo lindo. Como é bom estar perto.

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  2. gosto de dividir as baias com vocês.

    tenho a sensação que somos muitos cavalos ! de cores, tamanhos, espécies, valores e qualidades diferentes !

    Durante corrida em direção a chegada, não nos tratamos como concorrentes. 'Eu não quero chegar primeiro que você, eu quero chegar junto !'

    Somos um organismo de quatro patas que corre, salta, dá coice, grita, geme, relincha em francês, que aprendeu a se lavar de tanto lavar o outro, que compra para poder gastar o próprio casco, que vê nas sacolas a também possibilidade dos limites de uma baia, que ri e faz chorar e que beija o chão para um dia chegar à boca !

    gosto de estar cavalo;

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  3. felicidade é uma palavra que atrelo a este projeto desde o início.
    acho que posso falar em nome do Chá quando digo que mergulhamos completamente nesse trabalho.
    tô com vocês e não abro!

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