terça-feira, 13 de março de 2012

Eu parei para pensar nisso aqui # 2

Sobre o início. Levar todos para o chão, no momento, não funciona. Me parece cedo demais, sujo demais e bruto demais. Uma pena. Uma imagem com um potencial enorme...Bom, podemos encontrar depois um espaço para ela. Um espaço que a receba melhor....de forma mais harmônica. OI? Quem falou em harmonia? Risos e esqueçam essa palavrinha. 

No movimento de abandonar esta ideia de tentativa, o que mais me dói é a perda do recurso da repetição. Ou seja, como excluímos essa imagem (movimento) e continuamos a expor ao espectador um novo início, a retomada de um ciclo ou coisa parecida? No caminho para casa, conversando com a Su, me veio uma ideia. A ideia de deslocarmos a utilização do recurso da repetição para depois do prólogo. 

Informo: entendo como prólogo neste texto a dancinha do Rafa e o lamento da Aline. Só até aí.

Volto. Se tiramos a repetição do prólogo e a transferimos para o que vem depois dele, ganhamos uma nova saída para o que venho propondo, ao mesmo tempo, que não abandonamos o recurso. Explico. Todos entram , se posicionam e o Rafa tenta nos convencer, enquanto espectadores, do texto que diz. Tenta nos convencer de alguma realidade possível, da existência de personagens e pequenos dramas que podem, ou não, ganhar espaço e visão ao longo da narrativa. Vamos ouvindo e tentando entender, juntamos sexo com faca, beijo com salame, aqui com vazio, medo com letra, vamos indo...tentando. Fim do texto do Rafa. Troca 1. Se depois da troca 1, um outro ator ocupa o lugar do Rafa com um novo texto e, mais uma vez, tentar nos convencer de uma realidade ficcional, ganhamos no recurso e também no desenvolvimento da narrativa. Este outro ator pode trazer um texto que desminta, sublinhe ou reconfigure as imagens sugeridas pelas palavras ditas pelo Rafa. Em nova formação espacial, somos convidados a navegar neste grande emaranhado de histórias possíveis. Pequenas vitrines. Neste momento, a visão que temos dos micro-movimentos já pode ser outra...precisamos entender de que forma. De que forma? Na velocidade, na duração, na qualidade, na repetição ou no acréscimo de outra micro-informação? Essa nova forma, atrelada ao novo texto, intensifica o trabalho dos espectadores que precisam trabalhar junto com a obra. Juntar as peças. Até este dado momento, a encenação é linear, clara. Mas o seu entendimento pode não ser. Talvez, mais do que como imagem imposta ou recurso de exposição dramática, o fragmento surja como necessidade interpretativa da parte de quem olha, assiste. Se somos um, e neste um somos capazes de ser cento e um, não estamos desconstruindo, ainda, nada. Estamos, através de uma lente de aumento, redimensionando partes, detalhes escolhas. Não sei...mas me parece que devemos tentar.

Essa tentativa pode gerar um futuro interessante para este jogo inicial. Pensando que a cada troca, um novo narrador surge, quando o jogo se esgota? Quando -  do texto -  resta apenas uma palavra? Quando as informações se juntam e tcham começa daqui, outro dali e seguimos em frente? Vamos arriscar?

Observações:

- estou em busca de um novo texto que se assemelhe com o do Pavlovsky. Nem muito aberto, nem muito fechado. Com a aparição de pessoas, pequenos causos e, quem sabe até, confissões. Ou isso já sou eu também tentando compreender as palavras deste gênio argentino. Quem puder ajudar...por favor.

- me ocorreu que da vertical podemos ir ao solo no comando do dominador e do dominado. Solução super simples, mas se bem inserida, com um potencial dramático super interessante. Talvez, seja este um caminho.

- caminho: material zero. um lamento. tudo dói. tudo chora. são pessoas. seres humanos. são falências, amores perdidos, desencontros para novos encontros. são cidades, pinos, alegorias. são repetições de um mesmo tema, um mesmo dilema. são porcos, sujos, que se atropelam, se julgam e, sem saber, se desgastam. disputam. dominam o outro. sobem em cima. quem manda aqui? discutem, interrogam, brigam. são animais. humanimais. coice, touro, coice, banda, coice, árvore. depois se lavam. não porque ainda se amam, mas porque não podem ir embora com o corpo carregado, culpado. é um fato. é real.

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