domingo, 18 de março de 2012

sexo animal.

“Aliás Josefa estava ligada ao pai de Eugênio por um sacramento; tinham se casado na igreja algumas semanas antes que o marido a abandonasse. Ele se comportava como um animal, contara-me a mulher; atirava-se em cima dela, derrubava-a, mordia, furava-a, gozando antes dela ter tempo sequer de acabar de tirar as calças. O marido tinha um sexo de cavalo, um cavalo cambaio, fogoso, ele a machucava, relinchava alguns segundos em cima dela e mergulhava num sono de defunto enquanto ela chorava lágrimas que nada tinham a ver com lágrimas de amor. Às vezes, ao voltar do trabalho, ele a surpreendia por trás quando ela estava mexendo as panelas, botando sal ou pimenta, cozinhando o arroz. Ele a agarrava em pé, arranhava-lhe a barriga, trespassava-a. Muitas vezes ela, aos gritos, deixara cair o saleiro dentro da panela, e freqüentemente se queimara. Um dia o homem a sodomizara através da saia, uma saia de raiom azul-claro, na qual o membro do cavalo, forçando a trama do tecido, imprimira uma tal concavidade que nenhuma repassagem a ferro conseguiu tirar. Extenuado, o animal caíra no chão da cozinha. Josefa fugira de casa, a saia inundada, as coxas escorrendo filetes de sangue. Quando voltou, seu marido tinha desaparecido. Mais tarde ele mandou dizer, por uma puta, que sua mulher tinha o grelo muito pequeno, que o casamento o tinha decepcionado, que se sentia roubado. Josefa estava grávida de Eugênio.”

O Jardim do Nada - Conrad Detrez

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